
A balística terminal é o ramo da balística que estuda os efeitos dos projéteis após o impacto com o alvo, focando especialmente nos danos causados aos tecidos humanos e materiais.
Enquanto a balística interna analisa o comportamento do projétil dentro da arma, e a balística externa estuda a trajetória do projétil até o alvo, a balística terminal concentra-se no momento crucial em que a energia cinética é transferida para o objeto atingido.
Essa área é essencial para diversas aplicações, como medicina de trauma, criminalística, desenvolvimento de munições e aperfeiçoamento de técnicas defensivas.
O que influencia o impacto terminal?
Os efeitos de um disparo ao atingir o alvo dependem de fatores inter-relacionados, tanto do lado do projétil quanto do tecido atingido. Entre os aspectos do projétil, destacam-se a massa, velocidade, forma, composição e comportamento no impacto, como expansão, fragmentação ou guinada.
Quanto ao tecido, características como densidade, elasticidade, coesão interna e a presença de doenças preexistentes influenciam diretamente o padrão da lesão.
Projéteis que sofrem guinadas ou deformações dentro do tecido transferem mais energia por unidade de percurso, aumentando a extensão da lesão. Projéteis desenhados para se expandir ou fragmentar, como balas de ponta oca, maximizam esse efeito, causando danos mais extensos.
Quando fragmentam, cada pedaço atua como um novo projétil, multiplicando o potencial lesivo, especialmente em estruturas como ossos, que também podem gerar fragmentos secundários.
Mecanismos de lesão no impacto
A balística terminal identifica três principais mecanismos de lesão tecidual:
1. Lacerção e esmagamento
Este é o primeiro dano causado pelo projétil ao perfurar o tecido, criando um trajeto de destruição proporcional ao diâmetro do projétil. A área atravessada sofre esmagamento imediato, provocando laceração direta.
2. Cavitação
A cavitação é um fenômeno associado à criação de uma cavidade temporária muito maior do que o trajeto físico do projétil. Ela é formada pela força hidrostática que estica os tecidos ao redor, podendo causar danos adicionais.
A cavidade permanente é o espaço deixado pelo esmagamento inicial. Já a cavidade temporária pode ser dramática, principalmente em órgãos pouco elásticos como cérebro, fígado e baço. Projéteis de alta velocidade e aqueles que giram ou expandem aumentam significativamente o tamanho dessa cavitação.
3. Ondas de choque
Quando um projétil de alta velocidade penetra o tecido, gera ondas de choque que se propagam a partir do ponto de entrada, provocando variações abruptas de pressão. Esse impacto pode causar danos extensivos, mesmo em regiões não diretamente atravessadas pelo projétil.
Tipos de ferimentos balísticos
A balística terminal categoriza os ferimentos conforme a interação do projétil com o corpo:
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Ferimentos penetrantes: O projétil permanece no interior do corpo, sem saída.
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Ferimentos perfurantes: O projétil atravessa o corpo, deixando orifícios de entrada e saída.
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Lesões avulsivas: Quando há perda significativa de tecido, geralmente associada a armas de maior calibre ou alta velocidade.
Feridas de entrada e de saída
A análise de feridas de entrada e saída é fundamental na medicina forense.
Feridas de entrada costumam ser mais regulares, com bordas invertidas, apresentando orlas de enxugo, escoriação e, em tiros a curta distância, sinais de queimadura ou tatuagem de pólvora. Em casos de tiro encostado, forma-se a característica "Câmara de Mina de Hoffman", devido à entrada de gases no corpo.
As feridas de saída, por outro lado, tendem a ser mais irregulares, com bordas evertidas, e muitas vezes são maiores do que o calibre original do projétil, devido à expansão causada pelo aquecimento e deformação. Em projéteis de espingarda, a saída pode ser incomum, já que os projéteis múltiplos perdem energia rapidamente dentro do alvo.
Comportamento dos projéteis e tecidos
Ao penetrar o tecido humano, os projéteis não seguem sempre uma linha reta. A interação com ossos, músculos e líquidos corporais pode causar desvios de trajetória. A guinada do projétil pode ampliar os danos internos e alterar a direção esperada, dificultando a análise forense.
Além disso, ao atingir estruturas rígidas como ossos, o impacto pode gerar chanfraduras ósseas, identificadas por bordas em forma de cone no ponto de entrada e de saída. Essas características ajudam na determinação da direção do disparo.
Projéteis de alta velocidade, como os disparados por rifles de guerra, podem causar ferimentos explosivos devido ao grande volume de energia transferido, principalmente ao atingir o crânio. Nesses casos, podem ocorrer padrões de lesão em buraco de fechadura, onde tanto a borda interna quanto a externa do osso mostram fraturas.
Outras manifestações de lesões balísticas
Além dos danos diretos, alguns fenômenos secundários são observados em traumas balísticos:
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Embolização por projétil: Ocorre quando fragmentos de bala entram na corrente sanguínea, podendo viajar para outras partes do corpo. Embora rara, pode causar complicações sérias.
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Infecções secundárias: Apesar do calor do disparo, os projéteis não são estéreis e podem carregar contaminantes do cano da arma, roupas ou pele para o interior do corpo.
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Plumbismo: Em casos raros, especialmente com projéteis de chumbo alojados em articulações ou ossos, pode ocorrer intoxicação por absorção de metais pesados.
A importância da balística terminal para diferentes áreas
O conhecimento de balística terminal é fundamental para vários campos. Na medicina de trauma, permite uma avaliação mais precisa de ferimentos e prognósticos clínicos, além de guiar intervenções cirúrgicas mais seguras.
Na criminalística, a análise dos efeitos terminais auxilia na reconstrução de cenas de crime, na determinação da trajetória dos disparos e no esclarecimento de circunstâncias como distância e posição do atirador.
No desenvolvimento de munições, a balística terminal influencia o design de projéteis para maximizar ou minimizar danos conforme a aplicação desejada — por exemplo, munições de expansão controlada para defesa pessoal ou munições militares de fragmentação máxima.
Conclusão
A loja Rio Bravo Armas, de Duque de Caxias (RJ), conclui que a balística terminal é um campo complexo, porém essencial para entender a verdadeira extensão do impacto de um disparo.
Desde a dinâmica da energia cinética até os efeitos devastadores sobre tecidos e ossos, o estudo desta área revela como pequenos detalhes podem determinar a gravidade das lesões, a eficácia de uma munição e a elucidação de crimes.
Conhecer os princípios da balística terminal é, portanto, indispensável não apenas para especialistas em armas, mas também para profissionais de saúde, segurança pública e da justiça criminal.
Ao compreender a fundo como projéteis se comportam ao atingir um alvo, podemos aprimorar práticas, salvar vidas e construir investigações mais precisas.
Para saber mais sobre balística terminal, acesse:
https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/
https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/
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