
No universo das Paralimpíadas, o tiro esportivo se destaca como uma modalidade onde o foco absoluto e o controle emocional são tão importantes quanto a técnica.
Cada disparo revela a força de quem, mesmo diante de limitações físicas, alcança um nível de precisão admirável. Mais que competição, trata-se de uma experiência marcada por superação pessoal, disciplina e excelência esportiva.
Caminho de evolução dentro do movimento paralímpico
A estreia do tiro esportivo paralímpico aconteceu nos Jogos de Toronto, em 1976, com provas masculinas. Quatro anos depois, mulheres passaram a integrar o quadro competitivo, e a modalidade passou por modernizações contínuas.
Hoje, o tiro adaptado segue critérios técnicos internacionais, com ajustes funcionais que garantem igualdade e competitividade entre os atletas. Provas mistas, classificações funcionais específicas e novas formas de pontuação tornaram o esporte mais acessível, justo e exigente — sem abrir mão do alto rendimento.
O Brasil no cenário paralímpico do tiro
O Brasil teve presença pontual na edição inaugural, mas foi apenas a partir de 2008 que a participação se consolidou, com o retorno às pistas sob nova estrutura técnica.
Desde então, o investimento do Comitê Paralímpico Brasileiro transformou a realidade da modalidade no país, criando espaços de formação e oferecendo suporte a atletas.
Esse processo culminou em 2024, quando Alexandre Galgani conquistou a primeira medalha do Brasil no tiro esportivo paralímpico: uma prata histórica em Paris.
O feito de Galgani: técnica, resiliência e resultado
Nascido em São Paulo, Alexandre Galgani sofreu uma lesão na coluna aos 18 anos, que alterou radicalmente sua vida. Durante a reabilitação, descobriu no tiro esportivo um novo caminho.
Competindo na classe SH2 — para atiradores que precisam de suporte à arma —, Galgani enfrentou desafios técnicos únicos, como a ausência de movimento nos dedos.
Na prova R5, carabina de ar 10 metros, posição deitado, Galgani alcançou 254,2 pontos e levou o Brasil ao pódio nos Jogos de Paris-2024, atrás do francês Tanguy de la Forest e à frente da japonesa Mika Mizuta. A conquista não só elevou o nome do atleta como também confirmou o avanço da modalidade no país.
Como funcionam as provas e categorias
As competições seguem os regulamentos da ISSF, adaptados pelo Comitê Paralímpico Internacional. São utilizadas carabinas e pistolas de ar, com disputas em 10, 25 e 50 metros. Os atletas são classificados com base em sua funcionalidade e competem sentados, de pé ou deitados.
As duas principais classes são:
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SH1: para atletas com capacidade de segurar a arma sem apoio.
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SH2: para quem necessita de suporte mecânico, como é o caso de Galgani.
Os ajustes técnicos são padronizados para garantir que a disputa seja medida pela habilidade e não pelas limitações físicas.
O legado deixado por Paris 2024
A loja Rio Bravo Armas, de Duque de Caxias (RJ), aponta que a medalha de Alexandre Galgani não representou apenas um resultado esportivo, mas também um divisor de águas para o tiro paralímpico no Brasil.
A conquista simboliza o amadurecimento da modalidade no país e o potencial de uma geração em formação. O investimento em base e o apoio institucional abriram caminhos para novos nomes e colocaram o Brasil em posição de destaque no cenário internacional.
Nos próximos ciclos paralímpicos, o Brasil mira ainda mais alto, com foco em estrutura, visibilidade e continuidade. O esporte que combina precisão e superação segue em trajetória ascendente.
Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse:
https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/
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