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Do preconceito ao pódio: a história e a força feminina no tiro esportivo

26 MAR 2025

Durante décadas, o tiro esportivo foi encarado como um território predominantemente masculino. As imagens mais comuns ligadas à modalidade remetiam a homens com armas em punho, disputando competições ou treinando com precisão milimétrica. Mas essa percepção está mudando. E não de forma barulhenta — mas sim com a discrição, o foco e a firmeza que caracterizam o próprio esporte.

Hoje, as mulheres estão ocupando espaços importantes nas linhas de tiro e deixando sua marca em um cenário antes pouco acessível. Mais do que presença, elas vêm conquistando protagonismo, quebrando barreiras culturais e históricas com talento, técnica e dedicação. E esse movimento, longe de ser passageiro, representa uma transformação profunda dentro do tiro esportivo.

Saiba mais sobre a história e a realidade da presença feminina no tiro esportivo, neste artigo da loja Rio Bravo, de Duque de Caxias (RJ). Depois, não perca a chance e venha conhecer nosso produtos! 

Um longo caminho até o alvo: da exclusão à presença olímpica

A prática do tiro como esporte remonta ao século XIX, nascida a partir dos avanços em armamentos e da transição das armas de uso militar para competições civis. Nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896, o tiro já fazia parte do programa. Porém, era um esporte exclusivamente masculino — uma realidade que perdurou por mais de sete décadas.

Foi apenas em 1968, na Cidade do México, que as mulheres puderam competir no tiro olímpico, ainda assim em provas mistas, dividindo espaço com os homens. A verdadeira abertura veio em 1984, em Los Angeles, quando surgiram as primeiras categorias femininas, marcando um divisor de águas na luta por visibilidade e igualdade.

Entre os nomes que ajudaram a mudar o jogo está Margaret Murdock, primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica no tiro esportivo, em Montreal-1976. Ela competiu em uma prova mista e ficou em segundo lugar, um feito que rompeu paradigmas e inspirou uma geração de atletas mulheres ao redor do mundo.

Atualmente, o programa olímpico conta com 15 provas de tiro, sendo nove masculinas, seis femininas e outras de caráter misto, reforçando o princípio de equidade dentro do esporte.

Um cenário em expansão: mulheres nas linhas de tiro

Não é apenas no campo olímpico que as mulheres vêm ganhando destaque. No cenário nacional, clubes e federações têm registrado um aumento constante de praticantes do sexo feminino. Isso mostra que o interesse pelo tiro esportivo entre mulheres não é um fenômeno pontual, mas sim uma tendência em crescimento.

De acordo com a Liga Nacional dos Atiradores Desportivos (LINADE), mais de cinco mil mulheres estão atualmente cadastradas na entidade. Já em competições como a Copa Brasil e o Campeonato Nacional de Tiro Desportivo, realizados em 2025, mais de 600 atiradoras participaram ativamente — um número recorde que reflete o novo momento vivido pela modalidade.

O mercado também responde a esse movimento. Empresas especializadas em armamento e acessórios de tiro começaram a desenvolver produtos voltados ao público feminino, adaptando o peso, o formato e a ergonomia de armas e equipamentos para atender melhor às características físicas das mulheres. Isso proporciona mais conforto e melhor desempenho, encorajando novas praticantes a permanecer no esporte.

Vantagens femininas no esporte da precisão

O tiro esportivo exige habilidades específicas: concentração, estabilidade emocional, postura controlada e foco absoluto. E, segundo treinadores e especialistas, muitas mulheres demonstram competências naturais que se encaixam perfeitamente nas exigências do esporte.

Três características frequentemente destacadas são:

  • Controle emocional: mulheres tendem a ter mais facilidade para lidar com a pressão e manter o equilíbrio psicológico durante as provas;

  • Foco e atenção aos detalhes: a concentração sustentada é essencial para o desempenho no tiro, e o público feminino frequentemente se sobressai nesse aspecto;

  • Postura e controle corporal: em modalidades como pistola e carabina, onde a posição do corpo interfere diretamente na pontuação, muitas mulheres apresentam excelente consciência corporal.

Esses diferenciais ajudam a explicar os bons resultados obtidos por atiradoras brasileiras em torneios nacionais e internacionais. Nomes como Ana Luiza Ferrão, primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro no tiro esportivo feminino em Jogos Pan-Americanos (2011), e Rosane Ewald, com participações expressivas em competições de alto nível, são exemplos claros do potencial feminino no esporte.

O crescimento da presença feminina no tiro não se limita à esfera competitiva. Para muitas mulheres, o contato com a prática esportiva tem um efeito transformador. O esporte deixa de ser apenas uma atividade física para se tornar uma forma de desenvolvimento pessoal, trazendo benefícios como:

  • Maior controle da mente e das emoções;

  • Disciplina e senso de superação;

  • Autoconfiança e sensação de empoderamento.

Muitas mulheres relatam que o tiro esportivo as ajudou a romper barreiras internas e externas, além de representar uma válvula de escape ao estresse do cotidiano.

Ambientes antes restritos agora são mais abertos e acolhedores, com aulas, eventos e turmas mistas em crescimento.

Além disso, cada vez mais mulheres atuam como instrutoras, gestoras e dirigentes em clubes de tiro, ampliando sua presença nos bastidores da modalidade.

Barreiras e desafios que ainda resistem

Embora o avanço feminino seja evidente, o tiro esportivo ainda apresenta resquícios de preconceito e resistência cultural. Algumas mulheres enfrentam olhares desconfiados, piadas ou dúvidas sobre sua capacidade técnica.

Felizmente, a representatividade crescente e o apoio institucional vêm derrubando esses obstáculos. À medida que mais mulheres se destacam nas competições e assumem posições de liderança no esporte, o ambiente se torna mais inclusivo, diverso e respeitoso.

A mudança de mentalidade não acontece de um dia para o outro, mas está em curso — e é irreversível.

Um futuro promissor, com elas no centro do alvo

O cenário atual mostra que o tiro esportivo está passando por uma renovação profunda. O que antes era considerado um ambiente masculino por excelência hoje se transforma em um espaço plural, democrático e aberto à competência, seja ela de quem for.

As mulheres provaram que têm técnica, foco, controle e dedicação para competir em alto nível — e agora também influenciam o desenvolvimento do esporte.

Com mais oportunidades, incentivo, equipamentos adequados e visibilidade, o número de praticantes femininas tende a crescer ainda mais, inspirando novas gerações a seguir esse caminho.

Para saber mais sobre mulheres no tiro esportivo, acesse:

https://www.linade.com.br/mulheres-no-tiro-esportivo-um-exemplo-de-superacao-e-determinacao/


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